terça-feira, 21 de abril de 2009

2006-2007 | Vida real em 3 capítulos

Em abril de 2005, li uma entrevista com o artista plástico Christian Boltansky, em que ele dizia - se não podemos mudar o mundo, pelo menos podemos mudar nossa relação com o vizinho, alimentar nossas “utopias de proximidade”. Esta idéia de uma “política da pessoalidade”, embutida nos pequenos fatos e relacionamentos do dia a dia, norteou o trabalho que eu começava a desenvolver então e que logo se tornaria uma trilogia – “vida real em 3 capítulos”. 1 ponto de partida, 3 trabalhos, 3 formatos. O projeto foi inteiramente desenvolvido através de diversos processos colaborativos e ganhou corpo quando começamos a investigar possíveis conexões e confrontos entre realidade e ficção, o que nos fez, (mais uma vez!), nos depararmos com a questão da Identidade, compreendida como uma construção diária a partir da relação com o Outro.

Para quem acompanha a trajetória de Dani Lima não é difícil perceber a recorrência de algumas inquietações em seu trabalho. Em Vida Real em 3 capítulos duas de suas marcas surgem ampliadas. Uma como objeto de pesquisa e a outra como postura de artista diante do mundo. A identidade como construção que se dá a partir do olhar do outro sai da experiência individual de Estratégia nº 1: entre e se torna coletiva em Manual de Instruções, enquanto o desejo de propor perguntas no lugar de afirmações fechadas continua a impor ao espectador um lugar importante neste jogo. Em Vida Real em 3 capítulos, a identidade se dá no plural, no cruzamento das narrativas coletivas e pessoais, nas memórias íntimas, nas histórias herdadas, nas possibilidades de ação quando já se sabe que o terreno a ser ocupado não está vazio.
Silvia Soter

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